Srº Padilha o que seria "bom senso" por favor?



O veto do Ministério da Saúde à campanha de prevenção ao HIV/aids e redução do preconceito destinado a prostitutas causou indignação em ativistas. Ouvidos pela Agência de Notícias da Aids, eles classificaram a ação como um retrocesso histórico no combate à epidemia e que demonstra profundo desconhecimento da questão por parte do chefe da Pasta, Alexandre Padilha.

Para justificar o veto, o Ministro declarou que a campanha ainda estava em fase de testes e que "enquanto for ministro, uma peça como essa não fará parte de campanha”, como destacou o jornal O Estado de S. Paulo. Em seu twitter, Padilha declarou que as campanhas de prevenção continuarão sendo veiculadas e que o “bom senso” fez a campanha ser retirada.

Para Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, a decisão demonstra desconhecimento por parte do Ministro, pois “ele não entende que trabalhar com vulnerabilidades, estigma e preconceito também é prevenção”. Na visão de Rodrigo, a atitude é mais uma posição conservadora da gestão de Padilha. “É um retrocesso que cada dia mais toma conta do governo”, diz.


O professor da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids) de São Paulo, Mário Scheffer, acredita que o Brasil caminha para um retrocesso histórico na luta contra a aids, e que a sociedade civil precisa se mobilizar contra isso.

“Um dos fundamentos da resposta contra a epidemia é a valorização das populações mais vulneráveis, a defesa de seus direitos e o aumento de auto-estima”, reforça o ativista.

William Amaral, integrante do núcleo Rio de Janeiro da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP+), lembrou que as prostitutas são uma população vulnerável às doenças sexualmente transmissíveis e que a invisibilidade desta população leva ao “estigma e ao preconceito, tendo por consequência o aumento das infecções de novos casos do HIV nesta população”

“Esse pseudo conservadorismo do governo Dilma só faz o governo federal ser cada vez mais refém deste grupo fundamentalista que está no congresso nacional”, comentou.

Já Jenice Pizão, integrante do Movimento Nacional das Cidadãs Positihvas (MNCP), acredita que “o que mais dói é que as prostitutas são parceiras na luta contra a aids desde o começo da epidemia, e agora são excluídas dessa campanha”. Chocada com a notícia, a ativista reforça a necessidade da mobilização social contra atitudes como essas.

“Como se discute DST sem envolver as profissionais que existem e devem ser respeitadas? Elas são mulheres que têm contato com outras pessoas, têm uma vulnerabilidade acrescida, precisam estar incluídas Como o Ministro pode ir contra a campanha de um segmento que tem que fazer parte das campanhas de prevenção?”, se pergunta Jenice.

Procurado pela Agência de Notícias da Aids, o Ministério da Saúde informou que ainda hoje divulgará uma nota sobre o assunto.

O Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo já divulgou nota em repúdio à proibição da campanha e os ativistas organizam, pela internet, o movimento “Padilha, Volta pra casa”, em resposta à decisão do Ministro.

O Fórum de ONGs/Aids do Rio Grande do Sul também declarou, em nota, que ao vetar essa peça, o ministro e o governo brasileiro reforçam o estigma e preconceito com a prostituição, que no Brasil é reconhecida como uma ocupação legal.

"Esse veto representa um retrocesso nas ações desenvolvidas com as prostitutas e um desrespeito a produção realizada na oficina de comunicação e saúde para profissionais do sexo, promovida pelo próprio Ministério da Saúde", dizem.


Nana Soares

Dicas de entrevista:

Jenice Pizão
Tel: (0XX19) 9146-2558

Fórum de ONG/AIDS do Estado de São Paulo
Tel: (0XX11) 3334–0704/

Mário Scheffer
Tel: (0XX11) 3258-7729

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